domingo, 26 de setembro de 2010

Holocausto - Relatos dos sobreviventes - Parte 1







Aconteceu nessa terça (21/09) um evento histórico e inesquecível para os estudantes de comunicação da Universidade São Judas Tadeu em São Paulo. Uma palestra sobre o holocausto (massacre que ocorreu na 2º Guerra Mundial sobre o comando de Adolf Hitler) com depoimentos dos sobreviventes desse genocídio, falando o que aconteceu naquela época e tudo o que eles passaram na época do nazismo.

Eu fui um dos privilegiados e assisti a palestra. Logo no começo do primeiro depoimento de um dos sobreviventes, me senti em 1940. Ouvir aquelas pessoas que passaram por tipo de humilhação que podemos imaginar, fome, sede, frio, medo, os horrores que eles presenciaram, todos aqueles relatos vão ficar marcado na minha memória.

Vou descrever aqui o relato de Bem Abraham, Rita Braun e Nanete Konig, três sobreviventes que logo após o fim da 2º Guerra vieram para o Brasil, e acredito que todos que lerem vão refletir um pouco sobre o caminho que a humanidade está seguindo, o que podemos fazer para viver em mundo melhor e até onde vai a maldade do ser humano.

Rita Braun



Rita Braun é polonesa, filha de pais separados, morava com a mãe e o padrasto. Aos nove anos presenciou a invasão da URSS na Polônia e a tentativa dos soviéticos em tentar alienar o povo polonês dizendo que Jesus não existia, que Deus era uma mentira e que todos deveriam acreditar e seguir Stalin (Comandante da URSS naquela época). O povo polonês não acreditou nas palavras dos soviéticos, pois a fé deles era maior. A URSS deixa o país dando espaço para a Alemanha. A partir da invasão dos alemães, Rita diz que nunca mais soube o que era paz naquele país no tempo da 2º Guerra.

Quando a 2º Guerra começou e com o domínio dos alemães em terras polonesas, veio a expansão das ideologias de Hitler. Criaram campos de concentração onde os judeus, inválidos e homossexuais eram mortos. Rita conta que quando ia para a escola, o padre entrava na sala de aula para rezar com os alunos, ela e mais duas crianças eram obrigadas a sair da sala e esperar que o padre saísse, por que elas eram judias. Quando Rita entrava na sala de aula, via o comportamento dos alunos mudarem. Olhares de rejeição, de ódio e discriminação eram lançados sobre ela. Pouco tempo depois ela descobriu o que o padre dizia aos alunos. “Os judeus são os assassinos de Jesus, não confiem neles, não sejam amigos deles, expulse-os de suas casas, de suas ruas, de suas vidas”. 

“Uma vez um grupo de soldados alemães pegou uma jovem na rua e obrigaram a provar que ela não era judia, então ela entrou na primeira casa que viu, a casa era de minha avó. A garota começou a falar em alemão com minha avó a chamando de mãe, mas minha avó a desmentiu, dizendo que não conhecia a garota. Então os soldados falaram para a jovem que ela tinha que escolher entre a vida dela ou a de minha avó, e a moça disse: “Desculpa mãe, mas você já viveu o bastante, eu sou nova e ainda tenho muito que viver”. E levaram a minha avó. Ao saber que minha avó tinha sido levada para o campo de extermínio, meu tio foi até o local tentar resgatá-la. Por sorte a encontrou com vida e disse aos alemães que a mãe dele foi pega por engano e que ele era enfermeiro, já tinha salvado muitos alemães da morte. Assim minha avó foi liberada e escapou da morte.”

“Fui passar as férias na casa de meu pai. De repente ouvimos barulhos de carros na rua e muita gritaria, eram eles, os soldados alemães. Tivemos que sair correndo de casa, pois se demorássemos os soldados mandavam cachorros nos atacar ou nos fuzilava ali mesmo. Ficamos na fila para entrar no caminhão onde todos os judeus iam ser levados, quando um polonês se aproximou e entregou uma carta para meu pai. Era uma carta de minha mãe e dizia que eu deveria retornar com polonês para casa. Meu pai olhou para mim e disse que a escolha era minha e ele não iria ficar magoado caso eu escolhesse ficar com minha mãe. Eu tinha duas escolhas, ou ficava com minha mãe e sobreviveria ou ia com meu pai para o campo de extermínio. Fui para casa de minha mãe e aquela noite foi a última que vi meu pai.”

“Não tínhamos o que comer em casa, pois tudo o que era vendido no país era somente para os alemães e não judeus. Saí muitas vezes nas ruas pegando ossos de sobra da refeição dos alemães, folhas de árvores e grama, na qual pensava ser espinafre e levava para casa para cozinhar e comer. De vez em quando meu padrasto levava pão velho que os alemães jogavam foram para eu comer. E essa era a minha refeição por meses.”

“Para fugir do país, minha mãe vendeu todas a suas jóias para poder comprar identidades falsas, mas antes de sair do país fomos pegas pelos alemães. Eles queriam provar que nós não éramos judias e tiveram a idéia de fazer exame de sangue para ver se nosso sangue era mesmo ariano. Eu pequena, morrendo de medo que eles descobrisse que nós éramos judias, mas foi uma tolice e ignorância por parte dos generais tentar descobrir nossa raça pelo sangue, até por que isso era impossível de descobrir na época, tanto que três dias depois de muita aflição, presa naquela delegacia, veio o resultado. Nós éramos legítimas arianas. Mas como assim? Eu era judia. A ignorância daquelas pessoas nos salvou da morte, conta Rita”

Consegui pegar um autógrafo de Rita Braun como recordação, pois como o professor palestrante disse, certamente somos a última geração a ouvir os depoimentos da pessoas que sobreviveram do holocausto. As próximas só verão, ouvirão histórias por outras pessoas, filmes ou livros.




Autor: Iratan S. Moura

23 Anos, estudante de Publicidade e Propaganda na Universidade São Judas Tadeu em São Paulo.

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