domingo, 26 de setembro de 2010

Holocausto - Relatos dos sobreviventes - Parte 2


Ben Abraham

“Quando os alemães invadiram a Polônia eu tinha 16 anos, morava com meus pais e meus irmãos. Após o nazismo, eu fui o único sobrevivente da família.”

“Passei todos os anos da guerra indo de um campo de concentração para outro. Trabalhava de 10 a 12 horas por dia por uma ração que eles chamavam de comida. Vi meus pais morrerem ao meu lado, de fome e de frio. Os alemães costumavam esvaziar as periferias, cercá-las com arame e aprisionar os judeus ali. Aos poucos todos eram mortos afogados, enforcados, esquartejados por cachorros, de fome, sede, frio ou doenças.”

“Muitas vezes os soldados alemães pegavam alguns de nós e falavam que iam nos transferir para outro local. Quando não aceitávamos, ficávamos sem comida por até oito dias. Comíamos casco de folhas das árvores para sobreviver. Mais tarde descobrimos que não havia transferência coisa alguma. Eles pegavam as pessoas e colocavam em caminhões. Quando o caminhão partia, eram ligados jatos de gases tóxicos e todos morriam asfixiados.”

“Um dia sentimos um cheiro de carne assada e uma fumaça saindo da chaminé de um grande salão ao lado da fábrica. Ficamos animados, pois pensamos que finalmente íamos comer carne, mas logo veio a notícia. O salão servia de crematório. Todos os mortos eram levados em carrinho de mão, jogados um em cima do outro e cremado naquele salão. Hoje naquele local existe uma grande montanha de cinzas, fechada e protegida por um vidro, são as cinzas dos mortos do nazismo. Quando os corpos não eram cremados, eles eram abertos e  retirado toda a gordura do corpo, onde os alemães vendiam para uma fábrica para fazer sabão. Sim, eles vendiam gordura do corpo das pessoas para fazer sabão. Eu tenho uma peça em casa.”

“No dia em que fui transferido, havia uma general na frente da fila, dando comando com o dedo, apontando para a direita e para a esquerda. Quem ia para a direita, era transferido, quem ia para a esquerda, ia para o campo de extermínio. Minha mãe foi mandada para o lado esquerdo, e essa foi a última vez que a vi. No caminhão havia 75 pessoas, passando frio, fome, pegando doenças uns dos outros. Não tínhamos mais noção do tempo, sei que passamos dias dentro daquele comboio, vivendo como animais, esperando pela morte, por que esperança, não tínhamos mais. Não tomávamos banho e fazíamos nossas necessidades ali mesmo, dentro do caminhão. Fomos obrigados a conviver com aquele cheiro, pois mal entrava ar dentro do comboio. Ao fim da viagem, das 75 pessoas, apenas 14 sobreviveram, eu estava entre os sobreviventes. Para não morrer de frio, usávamos os corpos dos mortos como cobertores. Deitávamos no chão e colocávamos os corpos dos defuntos em cima de nós para nos aquecer. Uma das piores experiências que já vivi. Após o fim da Guerra, fiquei três anos no hospital, me recuperando das doenças que peguei naqueles campos de concentrações.”



Autor: Iratan S. Moura

23 Anos, estudante de Publicidade e Propaganda na Universidade São Judas Tadeu em São Paulo.

Críticas e sugestões para o blog, me mande um e-mail: iratan.santos@bol.com.br
Siga-me no Twitter: www.twitter.com/khael_dj

Bookmark and Share

Um comentário:

  1. Mto legal seu Post.... è uma Pena q n participei da palestra. Ter ouvido aos sobreviventes dessa catástrofe, deve ter sido uma experiência inigualavel.

    ResponderExcluir